terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Resquicios

Criança tem a arte, o dom, a proeza de pensar que nunca deixa resquicios em nada que faz de "errado" né?

Lembro-me que quando criança sempre que podia, dava um jeitinho de comer um pouco mais de achocolatado, pegar um bom pedaço do bolo, correr pela casa a noite, pegar cola, puxar o pé do amigo durante uma aula... ou pensava que dava um jeitinho.
Crescendo percebi que eu não dava um jeitinho de não deixar resquicios e sim que os adultos davam um jeitinho de "não ver" os meus resquicios.
Toda santa tarde que eu resolvia comer um pouco de achocolatado, eu observava o pote de achocolatado por mais ou menos 20 minutos pensando no ângulo em que se encontrava, distancia entre o pote e a parede, entre a tampa do pote e o pote, o que tinha em volta do pote, para que lado estava o rótulo (se tivesse rótulo). Depois desta observação estilo Sherlock Holmes eu me sentia digno de abrir o pote e roubar um pouco de achocolatado um pouco naquelas né? Pegava mais ou menos umas quatro colheres de sopa bem cheias. Ai estava o problema, colheres cheias costumam derrubar achocolatado, manchar roupas, piso molhado, balcão da cozinha, prateleira, gaveta de talheres que os seres humanos ainda criança esquecem de fechar, entre outros fatores delatadores que prefiro nem citar sabe? :|
Ai pensando que passei a fase de me esbaldar de achocolatado sem deixar rastros, lanço um olhar na pia e recomeço minha observação investigativa de como a pia está. Era tão rídicula essa parte, era só dizer que lavou a mão, encontrou um copo sujo pela casa, o rosto estava sujo, limpou o balcão e decidiu lavar o pano (que resolveria o problema de derrubar achocolatado em cima dele)... Mas não, tem que deixar a pia da mesma forma que encontrou antes de lavar a colher. Mas a mente era tão limitada, que jurava que podia imitar até as marcas de "poçinhas" d'agua que secaram na pia. Sem pensar que a esponja já deve estar seca com o sabão que a Mãe lavou a louça. Sem contar ainda mais que o sabão será reduzido no pote de sabão. Mas não, ainda insisto em pensar que vou conseguir tudo.
Depois de analisado lavo o talher com o maior cuidado para não molhar muito a pia (para não ter trabalho em seca-la ou mantê-la nas mesmas condições que a encontrei), faço todas as preucações na pia e vou para o sofá, deitar-me tranquilamente e assistir a linda e bela televisão.
Ouço o som da chave na porta com serena calma. Parece que é automático, o "olho adulto" rapidamente detecta tudo que o ser humano ainda criança fez e sabe até quais foram os seus passos, porque da para ver a manchinha de achocolatado pisado pela cozinha inteira e com a mesma serena calma da criança (para iludir a criança) passa pela sala e diz: "Boa tarde meu filho".
E o Sorriso aparece no rosto da criança... Coitada...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sorriso

A história da minha vida não se resume ao dia em que nasci, mas ao dia em que te encontrei nesse dia eu soube o que era estar vivo, o que era sentir saudade de algo que nunca tive e ao mesmo tempo de algo que tanto almejei.

A história da minha vida também não se resume ao dia de minha morte, pois ainda não o presenciei, mas sim ao exato momento em que vi nos olhos o brilho de viver, no instante em que pude sentir  sua presença ao meu lado, nunca havia me sentido tão bem, pra ser sincero nem sabia o que era realmente me sentir bem, mas é engraçado quando achamos que tudo está indo bem, que a sua felicidade está apenas a alguns passos, sua vida vira de ponta cabeça, coisas que antes eram sem importância, coisas que não faziam sentido, coisas que você não dava a mínima agora despencam sobre a tua cabeça como uma tempestade sem fim. Você percebe que a cada dia sua vida vai ficando mais obscura, dia após dia sua vida vai perdendo as cores, as suas atitudes que antes eram minuciosamente e extremamente calculadas não são mais. Agora ou elas  são tomadas pelo impulso ou pelos fatos que te levam á tomar atitudes que você nunca tomaria, e a cada novo dia uma nova decepção, uma nova frustração, mesmo com tantos problemas você não vê á hora de chegar um novo dia, pois você tem a convicção de que será melhor, aconvicção de algo bom está pra vim, mas isso nunca ocorre, isso nunca muda.

A história da minha vida não se resume ao dia em que consegui  resolver os meus conflitos, tão pouco aos tantos que nunca consegui resolver, posso dizer que a história da minha vida ainda está pra ser escrita, pois sinto apenas que algumas linhas foram traçadas (e por sinal muito mal traçadas), mas o tempo não para, não posso me lamentar por algo que ainda não vivi, e nem por a culpa na vida que levo, apenas não creio mais em destino, não creio mais que a vida á de melhorar, não até poder te encontrar novamente, até poder ver minha vida ser iluminada nem que seja por um instante qualquer  pelo jeito todo seu de ser, um jeito que só você tem, acho que a historia da minha vida irá começar a ser definida no exato momento em que você chegar... Olhar nos meus olhos... E apenas sorrir, não será preciso dizer nada, pois apenas com esse sorriso vou entender ao que se resumia minha vida.

Por Isaquiel Winchester

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Segredo dos Meus Olhos

"Se as paredes falassem" ... Não sei onde ouvi essa frase, mas estava pensando: E se meus olhos falassem?

Já parou pra pensar na quantidade de coisas que já vimos?

Já que nossos olhos não falam, nós damos um jeito de explicar muitas coisas que vimos, muitas que fizemos, muitas memórias visuais (nesse caso são os olhos da mente), muitos filmes assistidos, muitas peças presenciadas, muitos fatos, muitos fantasias (bem, nesse caso usamos os olhos da mente e os olhos olhos sabe?), belos textos, lindas capas, formosas nuvens com formosos formatos. Tudo isso nós contamos com a boca... que fala.
Só que a boca não consgue dizer com tanta exatidão aquilo que o seus olhos talvez falariam.
O pior é quando você vê aquela coisa super maneira (literalmente do seu ponto de vista), cujo seus olhos brilharam e tu ficou fascinadíssimo não ve a hora de contar para alguém, quando conta não surge nem uma faísquinha no olhar do ouvinte.
Um outro caso é quando você desiste de ouvir as coisas incriveis que te contam e decide ficar procurando em volta sempre alguma coisa "surreal" para ver e acaba vendo nada. Ai a pessoa vem toda feliz e te conta algo que tu viu, só que para você não foi tããão gigante assim, ai você "entende" um pouco o outro que não liberou ao menos uma faisquinha no olhar quando lhe contava algo.


Ai você se da conta que: "O Meu Azul... Não é o Seu Azul..."

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Café Envelhecido

Sabe quando você pega o bule de café na maior euforia e acontece algo muito interessante, que é quando você já vai imaginando a fumacinha subindo enquanto ele vai vai do bule para a xícara (ou copo, principalmente aqueles "tipo americano") de acordo com a quantidade que tiver na xícara já sabe quantas colheres de açucar colocar (para alguns adoçante), imagina aquele sonzinho da colherzinha batendo nas laterais do copo, pronto para se "embebedar" de café com uma, duas, três xícaras. Quando você finalmente sai da sua loucura e vai aderir ao verdadeiro ecstase, não sai fumacinha. Ok! Vamos para os passos seguintes, colocar açucar, ouvir a colherzinha e beber. Gelado. Ok! Vamos arriscar esquentar o café. O café vai esquentando e formando umas espuminhas brancas em volta dele, e você se questiona: O que está acontecendo?
E quando você toma, tem um sabor incrivelmente estranho. Sem gosto de nada com nada. Você insiste em adicionar mais açucar para ver se "da gosto" e ai parece mel com Coca-Cola chocada.
Como todo Brasileiro que não desiste nunca e que não desperdiça as coisas (espero eu) tenta colocar leite. Esquenta o leite um pouquinho e coloca junto do café. Dá aquele golinho básico de experimentação e se surpreende e pensa: Que caca é essa que eu fiz? O sabor ficou mais debilitado ainda. É uma mistura de biscoito champanhe murcha com pão com margarina da semana passada.
Você se sente triste, desolado, acabado, e decide que é melhor ir para o emprego.
O Metrô que já não tinha aquele brilho, se apaga de vez. Os ônibus lotados você não sente mais aquele aperto. Parece que sua vida se esvaiu junto com aquele copo de café com leite na pia.
Chegando no trabalho, você vê ao longe a gentil copeira colocando a garrafa de café, os copinhos e biscoitos na mesa do café e chá.
Seu mundo brilha, você corre em direção a garrafa e quando você aperta o botãozinho, o café está mais claro, opaco, sem aquela luz de café.
Ai que se dá conta. Não é café... é chá...