terça-feira, 3 de maio de 2011

Atrasos

Precisava sair às sete da manhã, ai eu pensei: Bom, vou dormir cedo, para acordar cedo, tipo umas seis horas, me vestir, comer, guardar tudo e sair. Ah, belo sonho. Acordei sozinho às seis e meia, o despertador mais uma vez havia parado de funcionar, dei um salto da cama, que quase bato a cabeça no telhado (durmo no andar de cima do beliche). Pego a escova de dente, corro para o banheiro, lavo o rosto e cadê a pasta?
É muito bom quando você chega ao banheiro para escovar os dentes e não tem pasta.
Ai toca neguinho correndo para o banheiro de baixo, quase quebrando uma perna, um braço e olha lá o que mais se pode quebrar quando se corre uma escada em plena seis e trinta e três da manhã, acabado de acordar, com o corpo mole, visão ainda meio embaçada e outros bichos.
Por sorte, ainda tem pasta no banheiro de baixo, escovei os dentes o mais rápido que pude, subi para o quarto,(desta vez, tranquilo), para poder me vestir sem amassar a roupa, mas que roupa? Onde estão as camisetas? E as meias? Cara, nunca vi camiseta e meia sumirem tanto quanto na minha casa. Quando eu era mais novo, minha mãe dizia que era o Fantasminha Camarada que sumia com as coisas. Hoje eu acredito que deve ser ele mesmo. Quando finalmente encontro as camisetas, encontro as meias também (o Fantasminha até que é gente boa?). Desci nas carreiras, porque agora era preciso se alimentar. Procura pão. Que pão? Procura leite. Fechado. Procura café. Só tem solúvel. E se tem mais um belíssimo café da manhã com leite e bolachas. Não podendo ficar melhor o dia, eu escuto o ônibus parando no ponto, sim sim, o ponto é perto de casa. Fiquei meio receoso de ir até o muro e ver se era realmente o meu ônibus, para minha alegria... Era o ônibus.
Puxei bolsa, puxei blusa, puxei tudo que julgava necessário para aquela saída quando puxo a porta, trancada. Nessas horas, a chave está dentro da bolsa, dentro do bolso, no lugar onde eu nunca coloco ela, mas hoje, eu decidi que era um ótimo lugar para a chave. O ônibus começa a acelerar como se fosse um carro de corrida para que todos no ponto fiquem apreensivos e subam logo. Só que o mais apreensivo da situação era eu, por que o portão também estava trancado. Saindo do meu portão, vejo o ônibus passando no fim da ladeira e corro. Motorista, do jeito que é sacana, olha pra minha cara, dá um sorrizinho e com a mão indica que tem outro vindo atrás.
Os motoristas de ônibus devem mesmo pensar que têm uns carros de corrida, por que o detrás nunca está realmente atrás do ônibus anterior.
Fiquei mais ou menos quarenta minutos no ponto, e os passageiros só iam aumentando. Quando o ônibus finalmente aparece, o motorista enrola para abrir a porta, ai os passageiros vão se amontoando ali na porta. Quando se entra no ônibus, mais uma fila até a catraca. E quando finalmente se chega na catraca, o bilhete único está sem crédito.
Já estava com o dia benzido mesmo, pensei: Vou ir para casa dormir. Voltei para casa naquele desânimo, estava tão lento que passaram mais uns três ônibus. Quando entrei em casa, joguei a bolsa no sofá, subi para o quarto, fui me "arrumando" para dormir e deitei.
Demorei um pouco para dormir, porque estava pensando: Como seria se eu tivesse acordado no horário?
Fiquei pensando, pensando, não chegando em lugar nenhum, virei e dormi.

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